terça-feira, 31 de janeiro de 2012

HÁ MAIS DE MEIO SÉCULO

                                           Estação de Alvega-Ortiga em 2011

Um dia de sol como hoje. Frio, muito frio que se sentia nos ossos. Transbordo no Entroncamento. O comboio desconfortável corria com dificuldade. Poucos passageiros, era domingo ao começo da tarde. O Tejo ladeando a linha tornava a viagem, para quem a fazia pela primeira vez, estranhamente bela.  A então desconhecida Abrantes, lá longe no alto. Alvega era apenas Alvega. O atravessamento de uma pequena ponte confundiu o viajante, para o norte para o sul, qual o destino?  A vila pequena e simples. Sob o olhar curioso dos fregueses passagem pelo Café Ideal e Café Central. Para quem vinha da cidade, as ruas modestamente iluminadas e sem movimento originavam desconforto e dúvidas. Uma nova vida ia começar. Longe da família e dos amigos. O comboio subia mas também descia. Neste dia 31, mas em 1960.

MEMÓRIA - 31 DE JANEIRO DE 1980

ASSALTO EM MAÇÃO

De madrugada, audaciosos gatunos penetraram num estabelecimento de electrodomésticos da Rua Pina Falcão, em Mação (Santarém) levando consigo televisores, rádios, gravadores, máquinas de calcular e cassetes no valor calculado de 300 contos. Os gatunos retiraram o canhão da fechadura da porta principal e introduziram-se no estabelecimento, recolhendo facilmente o que seria de mais fácil venda.

In Portugal Hoje - 31/Janeiro/1980

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O ENCERRAMENTO ANUNCIADO DO TRIBUNAL JUDICIAL DE MAÇÃO

Quero aqui deixar, a propósito desta lamentável decisão do Governo que, passo a passo, vai destruindo o Portugal mais carenciado, algumas notícias publicadas na Imprensa, a primeira das quais há quase quarenta anos, que mais não são do que o retrato completo da ressurreição, vida e morte do Tribunal Judicial de Mação.
MEMÓRIA - 12 DE ABRIL DE 1972
SOLICITADA AO MINISTRO DA JUSTIÇA A RESTAURAÇÃO DA COMARCA
O ministro da Justiça recebeu no seu gabinete uma deputação composta pelo governador civil, presidentes da Junta Distrital e município local, vereadores, membros da A.N.P., etc., que foram solicitar àquele membro do Governo a restauração da comarca de Mação.
In Diário de Coimbra - 12/4/1968
MEMÓRIA - 14 DE ABRIL DE 1973
ONDA DE JÚBILO PELA RESTAURAÇÃO DA COMARCA DE MAÇÃO
Extinta em 1927 a Comarca de Mação, para dois anos após ser criado um Julgado Municipal, era a sua restauração uma das mais fortes aspirações para as gentes do concelho. Portanto, indescritível a alegria que se apoderou dos maçaenses ao tomarem conhecimento, pela voz do ministro da Justiça que após quase meio século, Mação voltaria a ser cabeça de Comarca. Como prova de júbilo, durante todo o dia, ouviu-se o estralejar de foguetes e, ao fim da tarde, a Filarmónica União Maçaense percorreu as ruas da vila atroando os ares com alegres marchas. Também em sinal de regozijo o edifício da Câmara Municipal se encontrava iluminado, como nos dias de festa do concelho. Nesta hora alta de progresso concelhio, é absolutamente justo associar a este notável melhoramento o nome do presidente do município local, dr. Emanuel Catarino, pois todos sabemos da incessante actividade que desenvolveu para que a restauração da Comarca de Mação fosse uma realidade.
In Diário de Coimbra - 14/4/1973
MEMÓRIA - 11 DE ABRIL DE 1994
MAÇÃO
Foi inaugurado ontem de manhã o Palácio da Justiça de Mação, obra orçada em 197.000 contos, financiada por verbas inscritas no PIDDAC. O edifício está localizado na zona nova da vila, rotunda onde entroncam as avenidas Sá Carneiro e Amaro da Costa, em terrenos cedidos pelo município. No Palácio da Justiça vão igualmente ficar instalados os serviços do Cartório Notarial e das Conservatórias dos Registos Civil, Predial e Comercial.
In Diário de Coimbra - 11/4/1994
DIÁRIO DE NOTÍCIAS - 28 DE JANEIRO DE 2012
NOVO MAPA JUDICIÁRIO
A reorganização territorial judiciária proposta pelo Ministério da Justiça prevê a extinção de 47 tribunais de 1ª. instância situados em sedes de concelho. Mação passa para Abrantes. 

sábado, 28 de janeiro de 2012

ESTA SEMANA

"As reformas não chegam para pagar as minhas despesas", esta a frase fatal proferida pelo Presidente da República no Porto. Uma vez mais Cavaco Silva meteu o pé na argola e os Portugueses não lhe perdoaram, agora que uma grande parte está a atravessar um período de  dificuldades económicas. Há um ano Cavaco optou pelos 10 mil euros mensais de pensão em vez dos 6500 euros de vencimento como Chefe do Estado. Também, por esta atitude, já não ficou bem na foto. Se não consegue viver com 10 mil euros, como poderão aqueles portugueses que ganham o salário mínimo. Esta polémica percorreu toda a semana. Após quase um mês de ausência regressei a Mação. Pouco movimento na A1 e, posso estar enganado, pareceu-me que na A23 circulavam menos veículos. É certo tratava-se de uma tarde de domingo, mas os aumentos nos combustíveis e a aplicação de portagens afectaram muito os bolsos de todos nós. Ao entardecer fui dar uma volta pela vila, para quem, após um período prolongado vivendo no meio de um turbilhão de gente, percorrer as ruas de Mação e não se cruzar com ninguém, deparar com os cafés vazios, pouco movimento de automóveis, tem forçosamente que se sentir angustiado. Apesar de Passos Coelho tentar desmentir que não existe corrida aos lugares de Estado, por parte de pessoal laranja, a realidade é diferente, hoje Vasco da Graça Moura, antigo deputado europeu do PSD, entre outros cargos políticos, tomou posse da presidência do Centro Cultural de Belém. Soube-se que o processo de Isaltino Morais já se encontra de novo no Tribunal de Oeiras que decidirá se o procedimento criminal prescreveu ou se o enviará para a cadeia, como aliás já, por duas vezes, solicitou o Ministério Público. Quase apostaria que o Isaltino jamais porá os pés na cadeia. O jornalista e escritor Pedro Rosa Mendes viu o seu programa de crónicas irradiado pela RDP cancelado, após a emissão de uma polémica crónica sobre Angola relativa ao programa Prós e Contras transmitido de Luanda. Como precisamos do dinheiro de Angola, melhor dito dos investimentos, não se pode criticar o país de José Eduardo dos Santos. O Governo ensaia novo modelo de gestão autárquica, extinguir 1300 freguesias, criar comunidades intermunicipais, fazer gestão integrada dos meios municipais, com estas novas estruturas dirigidas por um conselho de administração, não escolhido por sufrágio dos eleitores, o que enfraquece o seu poder democrático. Para já o PS não está de acordo. Veremos o que vai dar. Finalmente, e no maior secretismo, o Governo acordou com a Madeira um programa de auxílio processado nas mesmas condições da ajuda externa a Portugal. O Governo extingue os feriados de 5 de Outubro e 1 de Dezembro e, em contrapartida, a Igreja que neste caso parece ser um Estado dentro do Estado "cede" os feriados do Dia do Corpo de Deus e o 15 de Agosto Dia de Nossa Senhora da Assunção. O ministro Álvaro dos Santos Pereira justificou "Para a Igreja era muito importante haver simetria e nós concordámos que fazia sentido haver simetria de feriados civis e religiosos". "O Governo aceitou o que a própria Igreja nos disse". No noticiário matinal da RTP, revista de imprensa, vejo no Diário de Notícias "47 Tribunais Fechados". Vou comprar o jornal, tendo quase a certeza do que ia ler e, infelizmente,  Mação passará para Abrantes, por encerramento do seu Tribunal. Acaba pessimamente esta semana. Passei esta tarde pelo Cine-Teatro, para assistir ao seminário "Da Terra à Mesa: Produto Local, Riqueza Nacional". Como sempre, poucos assistentes, não chegariam aos cinquenta, daí ter o seminário principiado com muito atraso. Os assuntos expostos não eram do meu interesse, saí ao intervalo.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

MEMÓRIA - 27 DE JANEIRO DE 1968

INCÊNDIO NOS ENVENDOS

Para um incêndio nas instalações de secagem de carnes da firma António Luís da Mata, Herdeiros, na vizinha freguesia de Envendos, foram chamados os Bombeiros Voluntários desta vila. O sinistro foi prontamente dominado não estando ainda apurados os prejuízos, que em parte estão cobertos pelo seguro.

In Diário de Coimbra - 27/Janeiro/1968

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

ESTA ESTRANHA PLANTA CITADINA



Na janela espreitando o Sol através das vidraças é um sinal da natureza. Vai-se desenvolvendo lentamente e estranho, não sei os fundamentos, bem diferente da planta- mãe donde foi retirada. Será por ser criada num regime quase de estufa, resguardada dos ventos, dos frios, das chuvas ou dos sóis fortes? As folhas surgem diferentes, mais pequenas e sem sinais de nela poderem desabrochar flores. Estranho crescimento desta planta, cujo nome nem sequer conheço, prisioneira de uma janela.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

FRIDA KHALO AS SUAS FOTOGRAFIAS



É o título da exposição que pode ser vista no Museu da Cidade, em Lisboa, reunindo  mais de 250 fotografias das milhares que a artista mexicana coleccionou ao longo da vida, como instrumento de trabalho ou por motivos de ordem familiar, estética e sentimental. Frida Khalo teve uma existência atormentada, com doenças e um grave acidente que a marcou para o resto da vida. Casada com o pintor Diego Rivera, ela mesmo autora de uma obra pictórica extraordinária. Comunistas militantes, Trotsky foi acolhido pelo casal no seu exílio no México, envolveram-se profundamente nos períodos revolucionários ocorridos neste país. A mostra pretende revelar a profundidade e a intimidade da artista e como é afirmado no catálogo da exposição "renova o nosso olhar sobre aquela que é uma das mais importantes e enigmáticas artistas da América Latina". Apesar de tudo não saí entusiasmado do Museu da Cidade.

domingo, 22 de janeiro de 2012

MEMÓRIA - 22 DE JANEIRO DE 1971

NOVO PRESIDENTE DO MUNICÍPIO DE MAÇÃO

Substituindo o dr. António Paisana Joaquim, que pediu a exoneração do seu cargo, vai ser nomeado presidente do município desta vila o dr. Emanuel Sales Belo Catarino, que já vinha exercendo o cargo de vereador.

In Diário do Ribatejo - 22/Janeiro/1971


sábado, 21 de janeiro de 2012

A MARCHA DA INDIGNAÇÃO



Poucos indignados. Mas muita polícia, equipada de modo mais apropriado para actuar no Afeganistão do que em Lisboa. Um pequeno grupo de representantes do denominado Movimento de Oposição Nacional que não conseguiu atingir a Assembleia da República, a polícia não permitiu. Um pequeno fracasso esta tarde em Lisboa.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

UM ÍCONE DO PCP - NUNO PATRÍCIO CONDEIXA



Operário da indústria de lanifícios. Sindicalista. Marceneiro e agricultor nas horas vagas. Futebolista quando jovem. Colaborador, até que o corpo ajudou, nas Festas do Avante. Ícone do PCP no concelho de Mação. Meu Amigo de há muitos anos. Retrato sintético do Nuno Hilário, agora a atravessar um período menos  bom da vida, em que a saúde vai faltando. 

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

MEMÓRIA - 18 DE JANEIRO DE 1968

PRESIDÊNCIA DA CÂMARA MUNICIPAL

Por recente portaria do sr. dr. Santos Júnior, ministro do Interior, foi reconduzido no cargo de presidente da Câmara Municipal, o sr. dr. António Paisana Joaquim, que há oito anos vem realizando obra notável no concelho.

In Diário de Coimbra - 18/Janeiro/1968

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

QUEM TEM MEDO DE VIRGINIA WOOLF?



Desenrolada inteiramente na sala de estar de George e Martha, durante uma noite de muitas revelações, de jogos perigosos e agressões mútuas, onde as personagens se vão revelando à medida que se descobre a mentira e a ilusão que envolvem as suas vidas. O autor, Edward Albee, afirma que "o inferno pode ser uma sala de estar confortável e um casal insatisfeito". Interpretações que não se esquecem de Maria João Luís e Virgílio Castelo. No Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, até 29 de Janeiro.

sábado, 14 de janeiro de 2012

ESTA SEMANA

Falou-se muito na greve dos estivadores nos portos portugueses. Calcularam-se  prejuízos enormíssimos, na ordem de milhões de euros, anunciou-se que o País iria enfrentar enormes dificuldades com a falta de produtos essenciais que chegariam via marítima. O diferendo centrava-se numa empresa de Aveiro que pretendia despedir um enorme número de trabalhadores, um problema que se resolveria com uns milhares de euros, face aos milhões de prejuízos. Não consigo entender. Está muito agitada a questão da maçonaria. Jornais e televisões dedicam largos espaços ao assunto. Como num filme policial, até existem espiões e lojas com o nome de compositores célebres nesta complexa trama. Os maçons, pelo que se vai sabendo, controlam grande parte da nossa vida política e muitos são os que têm assento na Assembleia da República, o que parece, de algum modo, grave. Espere-se no que tudo isto vai dar. Despudoradamente aderentes dos partidos que suportam o Governo são escolhidos para órgãos dirigentes de grandes empresas, EDP e Águas de Portugal, contrariando tudo o que o actual primeiro ministro anunciou quando na oposição. Mudam-se os governos mas a falta de ética continua. Quando nos apercebemos dos vencimentos fabulosos que esses privilegiados vão auferir, não podemos deixar de nos revoltar. Trata-se de empresas monopolistas, que praticam preços absolutamente escandalosos e fora da concorrência europeia e a quem os governos são incapazes de se impor. A indústria portuguesa queixa-se, e com razão, que os preços da electricidade estão acima dos europeus, o que lhes causa enormes problemas para concorrer nos mercados externos. Sem condições será improvável que sejamos capazes de ir mais além nos valores exportáveis.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

ARTE URBANA VI



Parque das Nações. Lisboa. 1998. Autor Roberto da Matta, pintor (1911-2002) nascido em Santiago do Chile.  Haveráguas, mural em azulejos. 

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

MEMÓRIA - 12 DE JANEIRO DE 1968

FILARMÓNICA UNIÃO MAÇAENSE

A centenária Filarmónica Maçaense está a atravessar uma crise profunda de que, possivelmente, não sobreviverá. É verdade que por todo esse País fora estão em agonia as filarmónicas, e esta não pode fugir à regra, tanto pior quanto está numa terra onde o espírito associativo é nulo. Mas deveremos todos, comodamente, deixar morrer uma agremiação que, quanto mais não seja, pela sua vetusta idade nos deveria merecer respeito. Será isto possível?

In Diário de Coimbra - 12/Janeiro/1968

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A DECADÊNCIA DE UMA VILA - IV



Na Rua Pina Falcão prédio de que não se descortina o número e um excelente local para poiso dos contentores do lixo.

terça-feira, 10 de janeiro de 2012

CRÓNICA DO QUOTIDIANO

O país do milagre económico - a Itália - está, há uns meses a esta parte, a atravessar um período de acentuada incerteza, em que as lutas sociais representadas por greves e contestações se sucedem a par e passo, empurrando o país para uma difícil situação, de que mais tarde os italianos virão a pagar elevados juros, e que se reflecte já na sua indústria, motivando aumentos no custo dos seus produtos destinados à exportação. Recentemente a triste e nevoenta Milão, numa fase aguda da crise em que a Itália se debate, foi teatro de um atentado bombista que espantou o mundo, pois pareceria impossível que em países tidos como civilizados, e nesse conjunto devem ser postas todas as nações que formam o velho continente, pudessem ser praticados actos semelhantes àquele do Banco da Agricultura. A este respeito, uma amiga distante, escreve-me daquela cidade piemontesa. "Chegam agora as festas de Natal e este ano, aqui em Milão, não há a alegria habitual. Nada de luzes, quase nenhum barulho nas ruas, e as lojas não fazem o negócio dos anos anteriores. As causas são duas, as greves dos meses precedentes limitaram muito as possibilidades de compra e não se espera, por agora, um acordo definitivo nos diversos sectores da indústria". "A outra causa da tristeza é dada pela morte que a bomba levou ao Banco da Agricultura e que dolorosamente surpreendeu toda a cidade, que ainda pergunta como podem suceder coisas como esta". Seria já altura do Homem, esquecendo todos os seus mesquinhos interesses políticos, que esconde, muitas das vezes, por detrás de desejos de melhorias sociais das classes trabalhadoras, procurasse resolver os diferendos, que existem efectivamente entre o Capital e o Trabalho, num plano construtivo, abstraíndo-se de ódios e paixões que afinal apenas conduzem à destruição do Homem.

Publicado in Diário do Ribatejo em 10 de Janeiro de 1970

sábado, 7 de janeiro de 2012

OS MAÇAENSES NA BASÍLICA DA ESTRELA EM LISBOA

                                  "Os Maçaenses" cantando na Basílica da Estrela

Esta tarde fiquei deslumbrado com a actuação do Grupo Cultural "Os Maçaenses" na Basílica da Estrela. Aquele grandioso templo estava pejado de pessoas e a actuação de "Os Maçaenses" arrancou da assistência grandes aplausos. Este coral vem mantendo a sua estrutura inicial há vários anos e isso reflecte-se na  solidez  com que interpretam os diversos trechos do seu repertório. Hoje, uma vez que o concerto em que participaram mais três grupos corais, representando o Norte, o Centro e Lisboa, pretendia celebrar os Reis e com isso o final das festividades natalícias, os Cantares de Mação interpretaram trechos alusivos à época e fizeram-no de um modo brilhante. Perante esta actuação não me surpreende que o Grupo Cultural "Os Maçaenses"  vá recebendo convites para actuar nos mais variados pontos do País.

O ALEXANDRE SOARES DOS SANTOS

                                         O Alexandre às Compras no Pingo Doce

Falou demasiado e sobre assuntos em que deveria estar calado. Lançou veneno sobre políticos, sabe-se lá porque razões. Afirmou estar disponível para ajudar o país a sair da crise. As gentes foram ouvindo e registando. Agora, sem mais nem menos, coloca a sede da sua empresa na Holanda. Afirma que Portugal fiscalmente não será afectado, mas já é certo que do IRS cobrado aos accionistas, a maior parte, ficará nos Países Baixos. Muita da comunicação social, dependente da publicidade do Pingo Doce, vai branqueando esta fuga. O mesmo acontece com os comentadores televisivos que na sua actividade profissional estão ligados aos  grandes grupos económicos que já abandonaram Portugal ou se preparam para o fazer.  Vão usando aquele baixo argumento de que todos os portugueses, se pudessem, pagavam os seus impostos no estrangeiro, desde que fossem mais baixos. Se esta premonição é verdadeira, afinal que país é este? 

sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

FINAL DE FESTAS

Esta tarde voaram para muito longe. As férias natalícias aproximam-se do seu termo, há que reiniciar o trabalho de cada um. Encontrar-nos-emos, de novo, quando os dias forem grandes e encalorados.

MEMÓRIA - 6 DE JANEIRO DE 1971

NEVE EM MAÇÃO

Surpreendentemente acordou esta vila com o cair de um nevão. Após dias de frio muito intenso, como há muito aqui se não sentia, esta manhã os maçaenses, com bastante surpresa, pois há mais de trinta anos que tal não acontecia, viram cair um nevão de certa intensidade, que dentro de pouco tempo tudo cobriu de um alvo manto. Espectáculo nunca visto para muitos, e sempre de rara beleza, causou surpresa geral, pelo seu ineditismo nestas paragens. É verdade que já no dia de Natal e na última terça-feira, tinha aqui caído alguma neve, o que havia surpreendido todos, mas a neve caída hoje desde as oito da manhã até cerca das treze horas, pela sua quantidade, transportou-nos, em imaginação, para as terras altas do país. Não há notícia de quaisqiuer desastres nas estradas concelhias, pois o trânsito faz-se com muita precaução, motivo pelo que se estão registando grandes atrazos na cirulação das carreiras de camionagem.

In Diário do Ribatejo - 6/Janeiro/1971

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

MEMÓRIA - 5 DE JANEIRO DE 1963

CONSEQUÊNCIAS DO MAU TEMPO EM MAÇÃO

Com as chuvas copiosas que nestes último dias têm caído, tornaram-se intransitáveis, transformando-se em autênticos pântanos, quase todas as ruas desta vila, onde em tempos foram abertas valas para implantação de tubagens dos esgotos. Vêem-se as pessoas em dificuldade para por elas poderem transitar, pois não sabem onde poderão meter os pés sem perigo de se enterrarem na lama ou de como evitar banhos forçados de lama provocados pelos automóveis ao passarem sobre as poças de água e lama. Também os veículos não têm melhor sorte, patinam e já alguns deles têm ficado atolados na lama e, em certos locais, há sulcos tão profundos que as viaturas estão sujeitas a bater com o "chassis" no chão. Até este momento o empreiteiro das obras - origem deste estado de coisas - ou a Câmara Municipal, não tomaram quaisquer medidas para atenuar o que relatámos, a despeito dos enormes prejuízos que esta situação provoca a todos.

In Diário Ilustrado - 5/Janeiro/1963

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

ACABOU A XARA BOUTIQUE

                           Montra e Porta da Antiga Xara Boutique Tapadas com Jornais

Data, talvez, da década de setenta do passado século, a abertura da Xara Boutique, num rasgo de inovação desse Amigo que foi o Rui Marques, tão cedo fora do nosso convívio. A loja, nos primeiros anos da sua existência, fez furor no comércio local, situando-se no topo da moda, mesmo a nível da região. Mas, como em todos os projectos  que o saudoso Rui se envolvia, passado alguns anos começou a fenecer, pois outras ideias, outras iniciativas, começavam a mexer com o Rui Marques. Lembro-me, grossista de cervejas e refrigerantes, o Café Carruagem. Com o seu desaparecimento precoce, a Xara ficou entregue ao irmão e muito rapidamente começou a entrar num declínio de que jamais saíria. Acabou sem pena nem glória, há pouco tempo, para reabrir agora como loja de flores. Lentamente Mação vai perdendo todos aqueles estabelecimentos comerciais que lhe emprestavam alguma história.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

A PERSPECTIVA DAS COISAS NA GULBENKIAN

                                  Paul Cézanne - Natureza Morta -Óleo Sobre Tela

O Museu Calouste Gulbenkian apresenta a exposição sobre o tema da Natureza- Morta na Europa, em que se dá a conhecer a produção artística da segunda metade do século XIX até meados do século XX. O surgimento da fotografia por volta de 1839-1840, veio libertar a pintura da sua necessidade de representação realista. A natureza-morta passou a ser campo de experimentação para os artistas, veja-se a exploração da luz e da cor levada a cabo pelos Impressionistas, a que se seguiram por reacção, os grandes movimentos artísticos da primeira metade do século XX. À presença de obras de pintores de grande referência, como Braque, Cézanne, Dalí, Gauguin, Juan Gris, Magritte, Manet, Matisse, Monet, Picasso, Renoir e Van Gogh, juntam-se as dos portugueses Amadeo de Souza-Cardoso, Eduardo Viana, Mário Eloy e Vieira da Silva. A exposição encerra dia 8 de Janeiro.